quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Infantilidade me irrita o so bloody much

Crianças não me irritam muito – só um pouquinho. Sei que podem ser chatinhas, mas sempre olho para crianças e, ah, a raiva se vai; tenho a esperança de que uma delas cresça para ser o próximo Mozart, de que aquela menininha de saia xadrez vire uma aventureira e desbrave as regiões da África em que o leão de três cabeças ainda reina (e que goste de jogar críquete aos sábados - a menina, não o leão), então perdôo, sim, os brinquedos espalhados pela sala e os gritinhos de soprano.

Mas a idéia de prolongar a infância, não, obrigada; lavarei minha alma com chá de camomila. Governantes se referindo a marmanjos de vinte anos como “as nossas crianças” me provocam acessos de vergonha alheia, coisa detestável, que eu enfie o rosto na minha cópia de Mansfield Park e não retorne mais.

Todas as mamães que com bravura enfrentam o sistema na tentativa de livrar os filhinhos do exército, correm para médicos, correm para oficiais, e a cena já foi repetida diante dos meus olhos inúmeras vezes, hoje em dia, tendo causado perplexidade há algum tempo, agora só me fazem erguer a sobrancelha (Le Sigh). É difícil encarar um rapaz de dezoito anos e tentar pensar nele como uma flor silvestre, um, vamos lá, homem que supostamente já deveria tomar suas próprias decisões e saber se defender. Sei que o exército brasileiro não é promissor, sei que a vida dos soldados não é fácil, e sei que – grande prova de decadência de um exército – os uniformes já não são legais, mas é um exemplo válido. Que não seja desculpa para se criar hordas de covardes, jovens que não conseguem decidir por si mesmos, cujo excesso de cuidados em que são confinados acabará criando pessoas que permanecem até os trinta anos incapazes escolher alguma coisa sem que haja a interferência materna ou paterna or name your favorite authority no assunto; eternas vítimas, nunca responsáveis.

Todos os estudantes que provocaram aquela balbúrdia na USP não eram jovens demais quando defendendo ideologias tão tortas, mas eram jovens demais para, desrespeitando a lei, sofrerem as conseqüências.

Sing, goddess, the rage of Achilles…

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